O Codificador limpo — O que aprendi — Parte 2

Lucas Onofre
6 min readFeb 24, 2021

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Continuação do artigo sobre meu aprendizado em alguns anos de experiência e também com livros como o codificador limpo

Não seja herói/heroína

Photo by Esteban Lopez on Unsplash

Não entenda errado, ser herói/heroína deve proporcionar uma sensação incrível, em nosso caso, conseguir entregar algo em um prazo impossível pode ser caracterizado como heroismo, afinal, estaria salvando um possível cliente ou negócio, mas as pessoas que verdadeiramente são heroínas, são as que conseguem entregar um produto de qualidade dentro do prazo, afinal estão realizando seu trabalho com maestria. Já falamos disso anteriormente, mas preciso citar minha mãe nessa.

A Pressa é inimiga da perfeição

Ou seja, ao tentar salvar o mundo, na verdade estamos apenas adiando o inevitável, que é: Problemas

Sim ou não, eis a questão

Existem momentos em nossa carreira em que devemos responder perguntas que são deveras complicadas, como:

Qual a estimativa para isso?

“Sei que me disse que o prazo de entrega seria de 4 semanas, mas precisamos entregar em 1, isso é possível”?

E como bons/boas profissionais, devemos saber a hora certa de dizer a palavrinha mágica não, pois as vezes o melhor caminho para o sim, é um bom não.

Uma boa comunicação não se trata apenas de concordar em tudo e ser claro no que diz, também se trata de ser honesto(a) e passar sempre a real situação a seus/suas colegas e superiores, mesmo quando ela não é tão aderente assim, afinal sempre existirão mudanças de escopo e de projetos, assim como features de ultima hora, e é necessário estar preparado para mensurar isso. Na verdade, quanto mais importante for essa funcionalidade, mais importante pode ser o não, afinal o foco deve ser sempre a qualidade e fazer algo as pressas geralmente corre no sentido oposto a isso.

Papeis contraditórios tendem a ocorrer e podem ser muito uteis em certos momentos, afinal do ponto de vista de um(a) líder ou gerente, ele(a) precisa de algum resultado, e do ponto de vista da pessoa desenvolvedora, precisa entregar resultado também, em forma de entregáveis. Agora, simplesmente aceitar qualquer situação não te faz um(a) profissional, pois espera-se que você saiba transmitir a situação e se necessário, dizer que é impossível.

A negociação faz parte do processo, afinal, algo precisa ser entregue, e mesmo que não seja impossível entregar tudo, pode-se entregar um pedaço menor que apresente o mínimo da funcionalidade. É de se esperar que a palavra da pessoa desenvolvedora seja abertamente recebida de forma a não precisar justificar tecnicamente isso, mas pode ser que a justificativa agregue valor de alguma forma, só não deve ser necessária sempre, afinal, devemos confiar nos/nas profissionais a nossa volta.

Um dos grandes problemas desse processo é a palavra “tentar”, pois, nesse caso, o tentar seria “mais esforço”, e sendo assim, basicamente diria que antes de usar essa palavra, não estaria usando os 100 % e esse esforço que antes não era usado estaria na reserva. O ponto aqui é: Se antes era impossível, porque usar a palavra tentar mudaria algo? Estaria somente queimando a imagem de quem a usa, afinal se usasse essa palavra, estaria basicamente se comprometendo a cumprir a função, e caso não conseguir, arcar com esse resultado. Embora nunca tivesse dito que de fato entregaria, ao dizer que irá tentar, estará mentindo. A clareza é importantíssima para garantir que não hajam surpresas.

Estimativas

Photo by Lukas Blazek on Unsplash

Um dos nêmesis para qualquer pessoa desenvolvedora com certeza é estimar prazos, afinal é uma das poucas pontes que nos liga ao negócio, podendo criar boas ou péssimas reputações.

Algo muito interessante em nosso meio é que ele tende a trocar o significado de duas palavrinhas, que são: Estimativa e Comprometimento. Por exemplo:

Pergunta: Consegue entregar essa feature em 5 dias?

Resposta 1: “Vou tentar entregar em 5 dias”

Resposta 2: “Com certeza estará pronto em 5 dias”

As duas são respostas similares que compõem a idéia de entregar algo em 5 dias, mas percebe que uma delas é uma estimativa, um palpite de entrega? E a outra é um compromisso.

Esse é o grande tabu em nosso dia a dia como desenvolvedores(as), essas palavras tendem a ser trocadas, onde ao falamos que tentaremos entregar algo em 5 dias, o que é compreendido é que daqui 5 dias estará tudo pronto. Nem sempre conseguiremos passar uma certeza, já que não conseguimos prever o futuro, não é mesmo? Ninguém quer ser conhecido como aquele(a) que não cumpre com seus prometidos, portanto, normalmente temos medo de dar certezas, e a estimativa é nossa melhor opção, passando uma possível situação.

Existem alguns meios de tornar isso mais claro a ponto de podermos nos sujeitar a ter alguma certeza em nossas previsões, e assim conseguirmos nos comunicar melhor com nossa equipe . Um método super interessante é chamado de PERT(Program Evalutation and Review Technique), que em resumo, quebra uma única estimativas em 3:

O: Otimista: Se tudo der certo, consigo entregar na data X+1

N: Nominal: Se fosse pra apostar em uma, seria essa. Se tudo der razoavelmente certo, devo conseguir entregar nessa data X+2

P: Pessimista: Como o próprio nome ja diz, se tudo der errado, tudo mesmo, desconsiderando apenas guerras nucleares e meteoros, conseguirá entregar nessa data X+3

Essa é uma forma interessante, já que mostra vários cenários para uma mesma tarefa. O legal é juntar isso com outra forma, que é fazer isso em equipe, onde cada um tem suas estimativas e é possível discutir as possibilidades e dificuldades, chegando a um consenso entre a equipe, já que não é muito justo ao meu ver, uma pessoa decidir o prazo de algo sendo que não só ela irá fazer.

Pressão

A melhor forma de lidar com a pressão é evitar as situações que a tornam necessária, é muito difícil sumir de vez com ela, mas da pra facilitar um pouquinho.

Normalmente a pressão está relacionada ao prazo, e como ja discutimos antes, é importante se atentar a prazos que possam de fato ser cumpridos, de forma saudável. Porém, algumas vezes, não assumimos esses prazos, e sentimos que tomaram essa decisão sem nos consultar, e embora isso seja desagradável, temos que ajudar nossa empresa a cumprir seus objetivos da melhor forma possível, mas não entenda errado, no fim, não foi você que decidiu isso e portanto, não necessariamente devemos aceitar esses compromissos.

Claro, todos temos contas a pagar e empregos para manter, a questão aqui é saber mensurar seu contexto e sua situação profissional, afim de não arcar com erros de decisões que não passaram por você. Mesmo que isso possa acontecer, você terá conhecimento de sua atitude profissional até o fim.

É interessante nos mantermos limpos em relação a nosso trabalho, ou seja, não criando bagunças, e sabendo que:

bagunçado sempre significará lento

É importante nos atermos a nossas disciplinas nessa hora, para que mesmo em momentos de pressão não percamos nossa qualidade e segurança de trabalho, algumas coisas interessantes para se pensar são:

  • Fazemos testes só quando está tudo bem?
  • Quando o prazo aperta, logo jogamos fora esse tema?

São questões importantes a manter, inclusive nos momentos de aperto, afinal a disciplina é o que nos faz andar no caminho correto, seja na vida, seja no código.

Provavelmente você irá passar por momentos de pressão e tensão e é importante manter a calma e olhar friamente para toda a situação, ficar sem dormir, se alimentar mal e não conseguir desligar do trabalho quando fecha o computador são sinais de que talvez não esteja sabendo lidar tão bem com isso e uma ajuda seria bem vinda, acredite, virar madrugadas era legal na adolescência, depois disso, é só um mal a sua saúde, e ela é mais importante que qualquer outra coisa.

Em momentos de aperto, a comunicação também é muito importante, saiba pedir ajuda e a dizer que está com dificuldades, isso prevenirá maiores dores de cabeça e perdas de tempo, e sim, eu sei, não é legal falar que não sabemos algo, nosso orgulho sente essa dor, mas se podemos aprender algo novo abrindo mão desse orgulho, sugiro que faça isso, só terá benefícios.

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Lucas Onofre
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Written by Lucas Onofre

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